2 de dezembro de 2009

ELEIÇÕES NA SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE LAGOS: A "NOTÍCIA" TERRORISTA DO DELETÉRIO "JORNAL" ÚNICO


foto "Correio de Lagos"

Mais uma "notícia" do indescritível "Correio de Lagos", aparentemente dirigido por Guedes de Oliveira, que mais parece saída de uma agência  de comunicação das Amoreiras. Designa as listas concorrentes à SCML como «Lista afecta ao PSD/CDU» e «Lista afecta ao PS» e escreve, entre outras encomendas, as seguintes: 
«Não é novidade para ninguém dizer-se que o poder socialista tem estado representado nos orgãos sociais da Misericórdia. E outros partidos, sem poder e sem força para o fazer, viam as eleições internas aproximar-se sem sequer terem forças para formar uma lista. Mas, desta vez, as coisas estão a ter um rumo diferente. A oposição, em forma de coligação, agregou a si outros cidadãos e decidiu sair a terreiro. Assim, vamos ter uma lista afecta ao PS encabeçada por Eduardo Andrade. A que aparenta uma coligação PSD/CDU, a par de outros cidadãos, é encabeçada por Nuno Serafim.»
«(...) Independentemente da coloração política que possam ter, dão uma contribuição para um debate que deve haver, neste período eleitoral, em torno da Santa Casa da Misericórdia de Lagos. Embora a Câmara deva continuar a apoiar, é já benéfico, em nome da separação das águas, que o Presidente da Câmara não se volte a recandidatar. Poder-se-á dizer que estão lá outros por ele. Não é bem a mesma coisa. É verdade que as listas não deveriam estar tão submetidas aos directórios partidários, a avaliar pela sua composição. Mas é melhor haver mais do que uma lista do que nenhuma ou uma apenas.» CORREIO DE LAGOS 27-11-2009

COMO TODOS SABEMOS, OS PARTIDOS POLÍTICOS NÃO CONCORREM À SCML. 
A questão é outra e mais abrangente: simulação e tentativa de secagem da oposição, servida mediaticamente pelo "jornal" único de Lagos.
A interpretação distorcida desta "notícia" tem origem em promiscuidades ainda latentes, operacionais e financeiras, claras, directas e continuadas entre a política e várias áreas da vida dos cidadãos, com prejuízo evidente para a normalidade democrática. Actividade política minada por uns poucos grupos, alguns com responsabilidade históricas e pretensamente ocultos que nela operam.
Neste caso concreto, relembram-se apenas três:
PROMISCUIDADE POLÍTICA/ECONOMIA
A sociedade portuguesa assiste a uma extensa promiscuidade entre a política e a economia, com as "convenientes" parcerias público-privadas com seu objectivo essencial totalmente prevertido. São as sucessoras dos Institutos Privados de capitais públicos de má-memória, parcialmente reformados que, nesta nova formalização jurídica aberta a privados, passaram a servir para aumentar explosivamente o saque ao Estado, através de endividamento sistemático fora do défice autárquico oficialmente permitido. Pior ainda, têm servido para multiplicar, por várias vezes mais, os custos directos estritamente necessários aos investimentos públicos de modo a satisfazer clientelas de sectores muito específicos da economia mas também para financiar a actividade do partido que nos últimos 13 anos esteve 10 no poder: o PS. Talvez num tempo não muito distante se conheçam os detalhes completos desta teia. Talvez...
PROMISCUIDADE POLÍTICA/FUTEBOL
Os portugueses assistem também à promiscuidade entre a política e os clubes desportivos que, entre nós, até foi iniciada pelo PS com a chegada de J. A. Batista à presidência da C.M. de Lagos (e ao C. F. Esperança de Lagos) a partir de 1976. A nivel nacional são numerosíssimas situações conhecidas e nenhum profissional ganhador de eleições se dispensa de arregimentar apoios nesta área, como recentemente demonstraram os apoios de Figo e do presidente do Benfica ao PM recandidato José Sócrates. 
PROMISCUIDADE POLÍTICA/MISERICÓRDIAS
Assiste-se impávida e serenamente a uma promiscuidade crescente. Que movimenta milhões em patrimónios das instituições, mas também do Estado e dos Cidadãos (3ª idade)... É certo que o Sistema de Saúde seria insustentável sem o contributo fundamental que as IPSS dão desde a sua origem aos portugueses. Mas não é menos certo que a gestão das Misericórdias, sob o pretexto da complementaridade com o SNS, tem sido invadida pela política.  De um modo tal que o que é hoje considerado normal serem geridas por políticos que estiveram, estão ou querem vir a estar, na vida política activa. E é também por isso que este tipo de cargos é muito apetitoso para quem quer que seja que pense que através deles poderá adquirir a notoriedade necessária ao desempenho de cargos políticos futuros. É a esta luz que deve ser lida esta espécie de notícia "inteligente".
GROTESCA SIMULAÇÃO
Vem este "jornal" único de Lagos apresentar o menu da sucessão do Provedor e actual presidente da CML como um acto democrático genuíno e com duas listas concorrentes e tudo. Não é assim !
Trata-se somente de uma grotesca simulação, servida pelo Pombo-"Correio de Lagos", sabidamente orquestrada para deixar a batata quente financeira, que a SCML hoje é, nas mãos de ávidos adversários políticos de diversa dimensão e origem partidária.
Ora, nem o presidente do PSD/Lagos mandatou os seus candidatos-eleitos ou militantes para integrarem qualquer lista, e o mesmo se verifica quanto à CDU/Lagos ou a qualquer outra força política local. Com excepção do PS, evidentemente !
Da visão que esta "notícia" nos proporciona, não é preciso ser vidente para perceber que, para o PS/Lagos, "perdido" que está para Lisboa o actual presidente do C.F. Esperança de Lagos, embora se desconheça por quanto tempo, se trata agora de seduzir outro advogado, Nuno Serafim, o candidato PSD/CDS à Assembleia Municipal nas últimas eleições para, com José Joaquim Reis, ele próprio candidato a vice-presidente como nº2 de Nuno Marques, Presidente do PSD/Lagos, darem sequência à "espinhosa missão" do Provedor Júlio Barroso, candidatando-se à SCML. Ficando o PS a "fazer figas" para que, um ou outro (ou ambos) conquistem o poder no PSD/Lagos nas suas próximas eleições internas, (no 1º trimestre de 2010) como forma de "secar" o principal partido da oposição em Lagos.  E nós somos todos parvos, já agora.
Lealdade, elevado sentido ético e insuperável responsabilidade social e democrática, não haja dúvida...
Como se não bastasse ganhar as eleições com 60% dos votos, vem o PS/Lagos tentar agora uma espécie de OPA sobre o PSD...Porquê? Afinal, de que têm medo o PS/Lagos e Júlio Barroso? 
AINDA QUE INCORRECTAMENTE, PODERÁ DIZER-SE QUE SEMPRE ASSIM FOI.
MAS ALGUÉM ACREDITA AINDA QUE SEMPRE ASSIM SERÁ ?
Desilusão é o mínimo que se pode dizer do posicionamento ausente durante a campanha e desleal por esta atitude de N. Serafim e J. J. Reis, preferindo a via do interesse imediato a um verdadeiro serviço público, pelo debate de ideias e por uma urgente oposição democrática, concreta e frontal. 
Contra o Medo, pela Liberdade e pela Democracia, reganhando os Cidadãos para a participação política pela via do seu enquadramento partidário integrador em oposição à persistência na via errada do interesseirismo de curto-prazo. Demonstradamente insustentável e separatista quanto aos interesses da generalidade dos Cidadãos e do nosso futuro colectivo.
É desse serviço público que a Democracia necessita. Oremos...
Obs.1: Ler reflexão de José Carlos Vasques sobre a Misericórdia de Lagos.
Obs.2: é curiosíssimo o número (que nem devia estar atribuído, ainda para mais numa Santa Casa) do Irmão José Joaquim Pacheco dos Reis: 666.......

4 comentários:

  1. Parabéns pelo blogue, só espero que o seu autor não caia no erro de outros que permitem comentários anónimos abjectos que em nada contribuem para a discussão e a informação e nada devem ao exercício da cidadania.

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  2. Gostava que alguém me explicasse o que se passa com o enorme aterro que está a ser feito na Meia Praia junto às dunas, tendo sido fechado o acesso à praia pela Rua Fernão Vilarinho (perto do antigo Jardim das Dunas/Flintstones). Ninguém fala deste caso, verdaeiramente escandaloso de privatização de acesso ao domínio público marítimo, destruição do cordão dunar, aterro de zonas húmidas, etc.

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  3. Obrigado Francisco. Temos as ferramentas necessárias para que tal não venha a suceder. O anonimato é uma opção disponível para o exercício da cidadania por parte dos que se sentem constrangidos por uma realidade pouco democrática quanto ao usufruto desse seu direito elementar.

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  4. Ao Anónimo das 18:07:00 de 4-12-2009
    Esta é uma situação claramente estranha.
    Algumas outras existem na Meia-Praia e certamente que há informação concreta que pode esclarecer as dúvidas que todos temos.
    Qualquer cidadão ou entidade que queira contribuir para esclarecer este ou qualquer outro assunto de interesse pode também fazê-lo neste blog, para além das restantes vias, ditas normais.
    Da nossa parte apenas podemos garantir que voltaremos a este tema concreto assim que tivermos algo de novo a acrescentar.

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