16 de dezembro de 2009

«HÁ UM PAÍS POR RESOLVER» - DIZ O BISPO DO PORTO


«D. Manuel Clemente, Bispo do Porto, apelou esta terça-feira, em Coimbra, ao sentido de responsabilidade dos políticos e dos cidadãos para que a tensão e crispação política, vividas nos últimos tempos em Portugal, baixem de intensidade.
Salientando que «deve haver um maior sentido de responsabilidade de todas as partes», o prelado lembrou «que independentemente das opções particulares ou objectivos pessoais ou de grupo a curto prazo, há um país a resolver» e essa deve ser a grande preocupação de «todos os que estamos na vida política».
O Bispo do Porto foi este mês galardoado com o Prémio Pessoa, que apesar de atribuído há 22 anos, distinguiu pela primeira vez uma pessoa da Igreja.
O prelado recordou que os cidadãos também devem «ter uma atitude responsável, aprofundando questões, debatendo-as com calma e sabendo que as outras pessoas, mesmo quando não concordam connosco, são concidadãos e é em conjunto que nós temos de resolver» os problemas.» TSF 15-12-2009


As palavras de tão ilustre personagem, que se inclui naturalmente na vida política, são tardias mas denotam uma rara preocupação expressa que certamente resulta da informação diária que tem do terreno. Mas será apenas dessa informação concreta da gravíssima crise social existente que D. Manuel dispõe? Não creio. 
A questão será complexa nas teias tecidas, mas na essência é muito simples. O Bispo do Porto sabe-o e certamente também a sente nesta nossa realidade em que, mais do que o mal estar feito e andar à solta, é impossível de resolver o país sem que os titulares, beneficiários e agentes directos e indirectos da cleptocracia instalada sejam persuadidos, ainda tranquilamente como sugere, que a manutenção da paz social e da liberdade tem dois preços, para os quais haverá certamente uma grande plêiade de especialistas em molduras políticas, legais e técnicas adequadas: a mudança de organização político-económica do Estado e a recuperação dos meios gerados, deslocalizados e parados pela brutalidade financeira cometida continuadamente sobre todos os portugueses. Ninguém conhecerá ao certo o montante, ou talvez alguém conheça..., mas apenas é público que o custo continuado da corrupção é várias vezes superior ao PIB. Situação que, a ser corrigida com o respectivo retorno e não com branqueamentos, nos levaria ao nível de vida de uma Finlândia... E é aqui que reside o problema principal, já para não falar no dos seguidores e de outros desesperados 'insiders' mimetistas tão voluntariosos quanto tardios que, de algum modo mais ou menos parcial, até conhecem esta realidade geral:  
i) como fazer mudar tranquilamente de ideias uns quantos que tão brutal logro infligiram conscientemente aos seus concidadãos por via da manipulação ilegítima do aparelho do Estado? 
ii) A que mal maior teremos ainda que assistir para que se convençam a mudar, devolvendo os meios de que ilegitimamente se apropriaram? 
iii) Que motivos teremos neste momento para confiar ainda no bom-senso das lideranças visíveis e invisíveis, se até as que têm poder para fazer mudar esta nossa tão potencialmente trágica realidade colectiva abdicam de utilizar os poderes de que constitucionalmente dispõem? 
Que Deus nos acuda e bem-haja D. Manuel pelo seu tímido alerta.  
Zangue-se cordialmente que o Natal também contém a Esperança de termos líderes espirituais à altura dos acontecimentos, já que os bons políticos existem mas têm nojo e até medo do que conhecem. 
E que em Portugal, 2010 seja... um Ano de Paz.

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