9 de novembro de 2009

BERLIM, 09-11-1989


«Lembro-me de ter um autocolante destes colado no meu livro de História do 9.º ano. Lembro-me de uns murros bem dados no Ivan Drago. Lembro-me de a História acontecer à nossa frente a uma velocidade estonteante. Lembro-me de João Paulo II, de Reagan, de Margaret Thatcher, de Lech Walesa, do poder das suas palavras e da sua liderança inspiradora. Lembro-me de me sentir do lado certo, o da democracia e da liberdade. Lembro-me de gente de fé e sem medo nas ruas, nas fronteiras e nos estaleiros. Lembro-me de ouvir as histórias tristes de Jerzy Popieluszko e de Jan Palach. Lembro-me de me comover com a força da esperança reencontrada. Lembro-me da estupefacção dos que, em Portugal, debitavam a cartilha comunista e procuravam desesperadamente convencer-nos da sua bondade contra todas as evidências. Lembro-me de Tadeusz Mazowiecki e de Egon Krenz que poucos ainda sabem quem são. Lembro-me do olhar já sem vida de Nicolae e Elena Ceausescu. Lembro-me da Alemanha pouco depois da queda do muro e da diferença funda, brutal, quase grotesca, entre os dois lados. Conheci a Charta 77 e a revolução de veludo. Depois ouvi Vaclav Havel, Otto de Habsburgo, Władysław Bartoszewski e Mart Laar sobre o impacto da perversão comunista em cada ser humano. De como ela o tolhe, o infantiliza, o desprotege, o manipula e, em última análise, o destrói e o despoja da sua humanidade.
Saio à rua e vejo t-shirts do Che Guevara.»
JOÃO VACAS, 31 DA ARMADA
 PASSARAM 20 ANOS, VINTE ANOS.

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