18 de dezembro de 2009

MACAU: 10 ANOS PASSADOS SOBRE A TRANSFERÊNCIA DE PODERES...NADA !!!


Dez anos após a transferência de poderes da República Portuguesa para a República Popular da China, o Dr. Jorge Rangel, Presidente do Instituto Internacional de Macau (IIM), nesta foto de 1999 a ser condecorado pelo nosso último Governador Vasco Joaquim Rocha Vieira, um distinto algarvio de Lagoa, está em Portugal a participar no seminário internacional "Macau - Um País, Dois Sistemas", que decorre hoje e sábado no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, em Lisboa.
O Dr. Jorge Rangel deu uma extensa entrevista televisiva ao Jornal 2 em que descreveu detalhes preciosos e muito oportunos do contexto de há dez anos.
À margem do seminário relembrou o seguinte: 
Há portugueses em Macau, há instituições de matriz portuguesa, quer a nível oficial, quer a nível privado. A língua continua a ser oficial. A própria China quer que a comunidade portuguesa e luso-descendente tenha um papel interventor grande», afirmou.
O presidente do IIM relembrou explicitamente o seguinte:  
- a China quer também que Macau seja a «plataforma de cooperação entre a China e o mundo lusófono»,
- «Estão criadas condições políticas para que Macau possa continuar a ter ligação muito estreita com Portugal e com outros países de língua portuguesa», e que
- «Cabe também a esses países tirarem proveito dessa orientação e que tirem proveito não só através de uma presença cultural mais visível, mas também económica. E Portugal nunca foi bem sucedido nessa área».
Pergunto:
O que tem sido feito para captar o relevante investimento directo chinês no nosso país?
Quantas vezes esteve o presidente do AICEP Dr. Basílio Horta em Macau nos últimos 10 anos? Qual o montante captado e os postos de trabalho gerados/mantidos a partir dessa base cultural de Portugal?
Será que o marginal e fátuo fenómeno das ~5000 lojas chinesas ainda existentes entre nós  é o centro da nossas "relações económicas" com a R. P. China, um dos 4 países que neste momento de grave crise global se souberam assumir como motores do crescimento mundial e com quem deveríamos ter tido nestes 10 anos outro tipo de relacionamento, especialíssimo, dada a dimensão geográfica da nossa cultura e a realidade macaense?  De quem é a responsabilidade desta omissão e gravíssimo erro político?
Se para além da R.P.China, ainda acresce que Portugal tem relações privilegiadas com outro desses 4 BRICs, o Brasil, de que estamos à espera para nos activarmos de modo estruturado, articulado e permanente no seio dessa nova comunidade de países-chave da economia mundial?
Não será que ainda impera a estratégia do saque de curto-prazo que terminará mais tarde ou mais cedo, de modo sempre imprevisível, ficando todos nós...sacados, literalmente mas também  ao nível do desenvolvimento concreto do nosso potencial económico-cultural específico?
Quantos portugueses sabem, por exemplo, que existem 4000 (4 mil palavras) comuns entre a nossa língua e a de um país asiático onde estivémos presentes?
Falta realmente cumprir muito Portugal, a começar pelo Algarve... completando afinal as palavras do verso de Pessoa afixadas em Lagos naquela "praça do cais sem água" ou "praça da água sem cais" em que se decidiu tornar aquela que se convencionou chamar "praça do Infante", essa mesma que é hoje  inesperadamente a melhor obra de homenagem à incompetência e à irresponsabilidade política e financeira da última década em Portugal.  Pelo menos...
Existirão ainda, mais que tão abundantes pedras e ferros, as vontades veleiras para arrepiar caminho e cumprir ainda Portugal?

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