2 de janeiro de 2010

O PR E A MENSAGEM DE ANO NOVO: CONTEM COMIGO MAS EU NÃO POSSO FAZER NADA...

A mensagem de ano novo de Cavaco Silva foi bastante inesperada pela clareza, mas também confirmou uma preocupação estratégica pessoal com a sua reeleição como PR marcada para o início de 2011. Foi muito assertivo quanto aos perigos explosivos com que todos nos debatemos diariamente há muitíssimo tempo mas também foi, por isso mesmo, demasiado tardio.
O Presidente apresentou-se nitidamente como uma nova espécie "salvador da pátria", agora o não-executivo, relembrando o seu compromisso directo com os Portugueses. Ficou muito forte a dúvida sobre se seria este o discurso se estivéssemos a uma distância maior das eleições presidenciais...
Por outro lado, face aos diminutos poderes que o presidente tem na lógica constitucional vigente, o Presidente da República descarta para outros, governo e oposição, a resolução dos problemas gravíssimos de Portugal em 2010.
Ou seja, os Portugueses ficaram a saber que podem contar com Cavaco Silva mas não sabem exactamente para quê, para além de fazer os seus discursos e papéis representativos... 
Esta peça da nossa realidade acaba por ser hoje ainda mais alarmante que toda a realidade junta.
Porque o PR, pela leitura tão restritiva que faz dos seus poderes, e não é o primeiro, anula uma das vias para a solução do problema português actual e porque ficou a ideia que nada de estrutural mudará efectivamente e que todos os branqueamentos continuam a ser possíveis em Portugal, desde que pareça que tenhamos justiça e que pareça que a recuperação económica estará num horizonte temporal aceitável.
É uma perda de tempo, é uma pena imerecida para todos e chega a roçar a inconstitucionalidade, dado que estão previstos nessa dimensão grandes remédios para grandes males, justamente pela "válvula" presidencial...
De facto, as pessoas e os métodos que geraram, geriram e ampliaram esta tragédia colectiva em que nos encontramos não podem ser os mesmos que, por artes mágicas de um discurso, de uma exortação ou de outra coisa qualquer, vão passar a ser eficazes, responsáveis e eticamente irrepreensíveis. Isto é manifestamente impossível.
Termino constatando que foram abundantes as exortações correctas do PR para que quem tem poderes de topo faça o que tem que ser feito, porque o exemplo tem que vir de cima. Vã esperança? Assim parece.
Mas faltou uma exortação principal a esta democracia doente como a nossa: a do convite veemente ao reforço da participação cívica dos Cidadãos na vida democrática. É que a alternativa é ficarmos todos quietinhos no sofá a assistir à nossa desgraça colectiva na televisão...ou não?
Chegou o momento de todos os Portugueses, independentemente da sua idade e especialmente os mais jovens, se incluirem urgentemente nas estruturas partidárias. Activamente e de modo massivo.
Este é um imperativo nacional e é, agora, uma condição básica da manutenção da paz social.
Porque é pelos níveis dramaticamente baixos da participação dos cidadãos nas estruturas partidárias que os Partidos Políticos, a Abstenção eleitoral e Portugal...são o que são.
É este o primeiro dos compromissos directos de um PR com os Portugueses e com a existência da Democracia em Portugal. Faltou-lhe este apelo, Senhor Presidente da República.
Desejo um ano de 2010 o melhor possível para todos !

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