«Estava D. Pedro Rodriguez Sarmento, nobre galego ao serviço de Castela, com o seu poderoso exército em cerco a Monção, e quando a moral das suas tropas já dava sinais de quebranto devido à fome que as atacava, dá-se o insólito.
Uma mulher resoluta, de nome Deu-la-Deu Martins, assoma à muralha e enquanto lança ao inimigo folgada quantidade de pães, proclama que, se de mais necessitassem, que mais pedissem, porque farinha para os ditos tinha ela para dar e vender. Desmoralizados os inimigos partem.
O senhor primeiro-ministro anunciou à saída da última reunião de responsáveis pelos governos europeus que Portugal faria, naturalmente, parte da solução para a Grécia, dentro do enquadramento entretanto ali cozinhado.
Isso passa por termos de vir a emprestar à Grécia algum capital, se estes, entretanto, não conseguirem colocar no mercado internacional os títulos de dívida que vão constantemente necessitando de emitir. Isto é, se eles não conseguirem, vamos nós ao mercado, os terceiros piores devedores da Europa do euro, emitir dívida para lhes emprestarmos. Diz o roto ao nu...
(...) A generosa oferta do nosso primeiro-ministro aos gregos trouxe-me à mente a maravilhosa história da nossa Deu-la-Deu. Pelo engenho e astúcia, dando ares, aparências, daquilo que não éramos ou tínhamos, fomos capazes de afastar os atacantes malfeitores que cercavam Monção.
Mas se a resposta de então foi suficiente para afastar invasores desinformados porque as portas do castelo estavam fechadas e porque não havia infiltrados, jornalistas ou contadores de trigo obrigados a divulgar a informação relevante que desmentia a comandante, isso hoje é impossível.
Jornalistas, agências de rating, analistas, simples economistas e principalmente investidores, lêem a informação, sabem o que se passa e tiram as suas conclusões.
Nos dias que correm, pensar que se ilude muita gente durante muito tempo, quando se está sob tão intenso escrutínio, só de quem não vive nesta terra e pensa que está dentro de um castelo de portas fechadas e nem sequer se recorda do que já passou, quando quis esconder um segredo de que não se orgulhava, numa trapalhada de sucessivas peripécias de que não há quem tenha igual para contar.
Hoje, as estatísticas não saem aos domingos.
Às vezes, mesmo a meio, as coisas mudam e se Deus lho deu, também lho pode tirar.» JOÃO DUQUE 10-04-2010
RESTA SABER SE E COMO QUEM FEZ E ESTÁ AINDA A FAZER DE DEUS NESTE PARENTESIS DA HISTÓRIA DE PORTUGAL JÁ TERÁ "DECIDIDO" O CAMINHO A SEGUIR...
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